Ouvi Mariana Rosa pela primeira vez em uma live com Thaís Basile, depois no café com cuscuz e agora tendo a honra de ler seus textos, depois de uma super dica de Xande.
Hoje tenho reunião com ela e uma empresa que quer conversar sobre a pessoa com deficiência e nós apresentamos Mariana para eles, que alegria poder conhecer pessoas como você Mariana, que quando leio me sinto aprendendo, expandindo consciência.
Nesse post, em especial, sinto que temos histórias em comum (eu amava subir no telhado da minha casa tb e me sentir mais próxima do céu) e, sobretudo, o mesmo desejo pulsante dentro do coração, o de mudar o mundo.
Meu coração tá em festa por poder dar um primeiro passo de mãos dadas com você, que venham muitos outros ❤️🙏
Posted @withregram • @_marianarosa_01 Quando eu era criança, gostava de subir no telhado da casa onde morávamos. Eu me sentia muito corajosa escalando a parede que parecia imensa e alcançando lugar naquilo que, para mim, era o mais perto do céu. Deitava ali, costas no concreto frio, olhos vidrados no ar, e era capaz de passar a tarde sozinha, em contemplação. Solidão escolhida não comporta desamparo, descobri.
Pouco depois, aprendi a escrever e, vejam vocês, dei de querer enviar carta para o presidente da República. Com sete anos, acreditava que tínhamos um assunto a tratar – o país em que vivíamos – e que era importante, urgente, necessário que ele pudesse pôr os olhos em minhas palavras. Já não me bastava contemplar do telhado de casa, eu imaginava colocar as palavras em ação e surtir efeito, mudança no chão do mundo.
Hoje, essas lembranças me vieram como assombro. Essa que sou hoje, no país que me tem… eu não tinha essas mãos cansadas, esse olhar baixo, esse coração retraído. “Em que espelho ficou perdida a minha face”, cochichou aos meus ouvidos Cecília Meireles. Escrevo para tentar me lembrar. Faz tempo que não contemplo nada, sufocada pelas demandas cotidianas sem alternância. Escrever ao presidente está fora de cogitação. Mas sigo carregando o desejo de mudança no chão do mundo – agora amadurecido. Escrevo para tentar me lembrar. << tem texto alternativo >>